“A mãe terra é viva. Tem que cuidar, respeitar, orar por ela. Você só fica em pé em cima dela porque ela equilibra a gente. A mãe-terra é energia sagrada do grande espírito. Assim como o céu e a floresta. Essa é a nossa casa”
Towé Veríssimo
Os Fulni-ô constituem um dos únicos grupos indígenas da região Nordeste do Brasil que mantêm vivo e ativo o seu idioma materno. Em Yaathê, suas vozes imponentes entoam torés e cafurnas e a cultura ancestral é transmitida de geração a geração.
Atualmente, esta etnia tem grande relação com a população não indígena, uma vez que a cidade de Águas Belas foi fundada dentro do território Fulni-ô, o que afetou profundamente sua organização e cultura. A seca severa que atinge a região, no sertão pernambucano, no chamado polígono das secas, dificulta a agricultura de subsistência, a caça e a pesca. Por isso, sua base econômica está na venda de artesanato e na realização de apresentações culturais.
O ritual mais importante da cultura Fulni-ô é o Ouricuri, que é sigiloso e restrito aos indígenas da etnia. Todos os anos, no início do mês de setembro, eles se mudam para uma aldeia próxima para realizá-lo. Ali ficam por cerca de três meses, até o final das cerimônias. Falar sobre o que acontece é proibido, uma regra muito respeitada pelos indígenas, que assim prezam pela manutenção e fortalecimento da cultura.
Ouricuri é o nome de uma palmeira nativa da Caatinga, que existe em abundância no território e é sagrada para este povo. É com sua palha que os indígenas produzem a maioria das peças de artesanato - principalmente bolsas, esteiras, chapéus e abanos - que vendem Brasil e mundo afora.