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XV Aldeia Multiétnica começa nesta sexta-feira: conheça as etnias participantes

07//07/2023 | Por Narelly Batista | Foto: Raissa Azeredo

Começa nesta sexta-feira (07), a XV Aldeia Multiétnica. Conheça as etnias indígenas que participam do evento:

POVO FULNI-Ô (PE)

Constituem um dos únicos grupos indígenas da região Nordeste do Brasil que mantêm vivo e ativo o seu idioma materno. Em Yaathê, suas vozes imponentes entoam torés e cafurnas e a cultura ancestral é transmitida de geração a geração. Atualmente, esta etnia tem grande relação com a população não indígena, uma vez que a cidade de Águas Belas foi fundada dentro do território Fulni-ô, o que afetou profundamente sua organização e cultura. Sua base econômica está na venda de artesanato e na realização de apresentações culturais. O ritual mais importante da cultura é o Ouricuri, sigiloso e restrito aos indígenas da etnia. Todos os anos, no início do mês de setembro, eles se mudam para uma aldeia próxima para realizá-lo, onde ficam cerca de três meses.

POVO KARIRI-XOCÓ (AL/DF)

Naturais de Alagoas, os Kariri-Xocó representam a fusão de vários grupos indígenas, resultantes de séculos de aldeamento e catequese. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, as terras destinadas para a catequização e sustentação dos missionários foram tomadas pelo Império, forçando os indígenas a buscarem novas aldeias. A denominação é adotada como consequência da mais recente fusão, ocorrida há cerca de 100 anos entre os Kariri, do município alagoano de Porto Real de Colégio, e parte dos Xocó da ilha fluvial sergipana de São Pedro. Hoje o grupo vive em sua aldeia original e em um território em Brasília. Povo indígena de forte cultura musical, tem no Toré sua maior representatividade e realiza todos os anos o ritual sagrado Ouricuri.

POVO KAYAPÓ MEBENGOKRÉ (PA)

Mebêngôkré - “o povo da morada das águas” - é como os indígenas desta etnia se autodenominam, apesar de serem mais conhecidos no universo não indígena como Kayapó, nome dado por povos da língua Tupi no passado. As Terras Indígenas Kayapó Mebêngôkré representam um dos maiores trechos contínuos de floresta tropical do mundo, com preciosa biodiversidade, e estão no meio do chamado “Arco do Desmatamento”, região ameaçada por desmatamento, garimpo ilegal, madeireiras e conflitos por terra. Hoje habitam mais de 75 aldeias localizadas em seis Terras Indígenas (T.I.s Badjônkore, Baú, Capoto/Jarina, Kayapó, Las Casas e Menkragnoti), que juntas somam uma área de cerca de 11 milhões de hectares no centro-sul do Pará e no norte do Mato Grosso.

POVO KRAHÔ (TO)

Do Tocantins, os Krahô se autodenominam Mehim, termo pelo qual chamam os indígenas de todas as etnias – Cupen são os não indígenas. Se dividem em dois clãs, que são metades sazonais: Catàmjê (associada ao verão, à estação da seca, também ao dia, ao leste e ao pátio central da aldeia) e Wacmẽjê (inverno, estação chuvosa, noite, oeste, periferia da aldeia). Cada clã tem suas lideranças, que são responsáveis pelas decisões na aldeia de acordo com a estação do ano. A produção artesanal Krahô é muito rica, a maioria feita com palha, sementes e fibras naturais manejadas sustentavelmente do Cerrado, e também com miçangas. Mulheres, homens e crianças participam da produção familiar de colares, gargantilhas, brincos, pulseiras, bolsas, esteiras, cestos. 

POVO GUARANI MBYÁ (SP)

No Brasil, o povo Guarani se divide em três subgrupos: Ñandeva, Kaiowá e Mbyá. Os Guarani Mbyá se autodenominam Ñandeva ekuéry – “todos os que somos nós”. Mesmo com semelhanças, cada subgrupo Guarani se diferencia e se destaca por costumes, organização política e social, rituais e expressões linguísticas. Tekoá, na língua Guarani, pode ser traduzido em português como “aldeia”. Para os indígenas, têm o significado de “o lugar onde podemos ser o que somos”. O tekoá reúne condições geográficas e ecológicas compatíveis ao modo de ser e viver tradicional Guarani Mbyá. Entre elas, floresta preservada, água boa, terra produtiva para as roças e privacidade para um bom espaço de moradia e realização de seus costumes e práticas espirituais. Habitam a região meridional da América do Sul, em um amplo território, no qual se sobrepõem estados nacionais paraguaios, brasileiros, argentinos e uruguaios. 

POVOS DO ALTO XINGU (MT)

Cada um dos 11 povos do Alto Xingu, na parte Sul do Parque Indígena do Xingu, fala uma língua diferente e tem uma identidade própria, mesmo que seus costumes, modo de vida e visão de mundo sejam semelhantes. Fazem diversos intercâmbios culturais entre si, como casamentos, trocas e rituais inter-aldeias, mas celebram suas diferenças. Hoje, o Parque Indígena do Xingu é uma ilha de florestas, cerrados, campos e pantanais bem preservados em meio ao pasto e à monocultura das fazendas do entorno, que ameaçam sua rica sociobiodiversidade e recursos naturais. Nele estão as grandes aldeias circulares dos xinguanos, um padrão cultural histórico. 

POVO XAVANTE (MT)

O povo A’uwe Uptabi, que significa “gente de verdade”, é mais conhecido pela sociedade não indígena como Xavante. São guardiões da Serra do Roncador e do Vale do Araguaia, que habitam em harmonia com o Cerrado nativo. Os Xavante se organizam socialmente em dois clãs, que ao mesmo tempo se complementam e competem entre si: Owawã (rio grande) e Poreza’õno (girino). Os casamentos acontecem entre pessoas de diferentes clãs e as crianças que nascem entram para o clã do pai. Eles também se organizam em um complexo sistema de classes e categorias de idade. Mesmo com invasões, desafios e ameaças ao seu território, a cultura e tradição Xavante se mantêm fortes e transmitidas de geração a geração, na língua materna. O sonho é importante fonte de transmissão da tradição. Por ele chegam a proteção e orientação dos ancestrais e os cantos cerimoniais. 

POVO KARAJÁ (GO/TO)

Habitantes seculares das margens do rio Araguaia nos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, os Karajá, que se autodenominam ‘Iny’, em sua língua original, "nós" pertencem ao tronco linguístico Macro-Jê. Devido a sua localização, o grupo possui uma longa convivência com não indígenas. Isso, no entanto, não afetou a preservação da língua nativa, das bonecas de cerâmica ‘Ritxòkò’ que são hoje reconhecidas como patrimônio imaterial brasileiro, as pescarias familiares, os enfeites plumários, a cestaria e artesanato em madeira, as pinturas corporais caracterizadas por dois círculos na face e os rituais como a Festa de Aruanã e da Casa Grande (Hetohoky).

POVO HUNI KUIN (AC)

Os Kaxinawá pertencem à família lingüística Pano que habita a floresta tropical no leste peruano, do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil, no estado do Acre e sul do Amazonas, que abarca respectivamente a área do Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari. Os grupos Pano designados como nawa formam um subgrupo desta família por terem línguas e culturas muito próximas e por terem sido vizinhos durante um longo tempo. Cada um deles se autodenomina huni kuin, homens verdadeiros, ou gente com costumes conhecidos. Uma das características que distinguem os huni kuin do resto dos homens é o sistema de transmissão de nomes. Entre seus importantes saberes, o contato com as medicinas da floresta são um marco em sua cultura na contemporaneidade.

POVO YAWANAWÁ (AC)

Os Yawanawá habitam a parte sul da Terra Indígena Rio Gregório, compartilhando-a com os Katukina da aldeia de Sete Estrelas. Essa TI, localizada no município de Tarauacá, foi a primeira a ser demarcada no Acre e ocupa a cabeceira deste afluente do Juruá. Este povo pertence à família lingüística pano e é na realidade um conjunto que inclui membros de outros grupos: Shawãdawa (Arara), Iskunawa (atualmente conhecidos como Shanênawa, moram em uma aldeia próxima à cidade de Feijó), Rununawa, Sainawa (conhecidos geralmente como Yaminawá e que moram na região do Bagé), e Katukina. Esta configuração é o resultado de uma dinâmica sociológica própria de muitos grupos pano e uma série de contingências históricas, especialmente as mudanças ocorridas a partir da chegada do homem branco.

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Um projeto da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge.

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